Primeiro fim-de-semana
comprido em Singapura, pensamos logo que temos de aproveitar para passear um
bocadinho. A escolha e grande mas no final hesitamos entre Vietname e Bali,
Indonésia, e optámos por Bali. Já estávamos com saudades de snorkeling,
mergulho e paraíso, há quase 1 ano que saímos de Dubai.
Algumas semelhanças
e diferenças com a nossa viagem a Phuket, Tailândia. Quando fomos a Phuket, era
a primeira viagem assim para um paraíso, mas como sempre, estávamos prontos
para a Aventura. Também ainda não fazíamos snorkeling nem mergulho, e foi lá
que ganhámos vontade. Bali é uma ilha bem maior e isso implica alguma organização
prévia: saber o que se pretende fazer e ver e como nos vamos deslocar. E eu
adoro organizar e planear.
Primeiro passo:
definição do que queremos ver e fazer
Após alguma
pesquisa na net e no guia turístico que comprei, notei que Bali tinha muita
riqueza: a natureza e os vulcões, o mar e os seus desportos e a cultura e tradições.
E decidi que queria ver um pouco disso tudo, claro!
Soube duma zona
de mergulho fantástica onde se pode ver um navio americano afundado pelos
Japoneses durante a segunda guerra mundial, ideal para mergulho e snorkeling. Era
perfeito!
Analisei muitos dos
Templos que lá há, e acreditem que há imensos e defini aquele que eu queria
ver, aquele que reunia tudo o que me toca. Era lindo!
Segundo passo:
fazer com que tudo seja possível
Agora é que começa
a magia.
Comprar bilhetes.
Check. Verifico assim que o aeroporto internacional está na pontinha sul da
ilha. E pego no mapa da ilha onde indico
aeroporto de chegada, sítio de mergulho e snorkeling, localização do Templo e
surpresa, vamos ter que percorrer a ilha quase toda.
Se olharmos para
o mapa e nos guias, vê-se que as minhas escolhas não foram as mais comuns: a
praia mais turística e Kuta, muito pertinho do aeroporto e Ubud era a vila mais
próxima de Kuta e do aeroporto, tem Templo também e muitos mais acessos. No
entanto, não era praia que queria fazer, nem queria bater aqueles caminhos turísticos!
Eu queria natureza, vulcões e lagos, serenidade e beleza e decidi que não era
impossível, que bastava um pouco de logística então “logistiquei”!
Terceiro passo:
tudo e possível
Saímos de casa às
5h da manha, o táxi estava à porta à nossa espera e leva-nos ao aeroporto, lá
vamos nós, de mochila às costas. Ainda houve quem dormitasse na sala de espera,
mas eu não conseguia, já estava em pulgas. O voo da Garuda foi muito bom, 3 horinhas
que passaram num instante, se calhar 3 horas parecem mais instantâneas quando
vamos de férias, porque não me lembro duma manhã de trabalho passar assim tão
depressa... À chegada, temos duas missões: levantar dinheiro local e encontrar
o nosso motorista, pois pedi ao hotel para nos arranjar transfer. A primeira
missão foi cumprida com êxito e sentimo-nos logo milionários: à questão “quanto
dinheiro levantamos” respondemos com “alguns milhões”, dois e qualquer coisa, já
não se conta. 1 Euro equivale a quase 16000 IDR, Indonesian Rupee, a moeda
local. Com dinheiro no bolso, fomos à procura do nosso motorista, Gueday estava
à nossa espera, de sorriso na cara. Verificámos mais tarde que todos os locais
sorriem, todos! E isso é mágico! Subimos para uma carrinha novinha e lá vamos nós
para 3 horas de caminho até à ponta norte da ilha. Pois é: pondo dum lado da
balança, o tempo, os quilómetros e os custos e do outro lado, os nossos sonhos,
optei por um hotel em Tulamben, a 3 horas de carro do aeroporto mas que me
pareceu ideal, e comprovámos que o era.
O motorista foi
fantástico e a viagem tornou-se numa visita guiada pelos campos de arroz com
paragens para fotos e um almoço de comida local em Candidasa, um sítio lindo
com macacos à beira da estrada. Foram 5 horitas bem passadas (entre viagem,
almoço e paragens). Mas convém notar que, para conduzir em Bali é preciso uma
dose bem grande de zen-attitude, as ultrapassagens são completamente folclóricas
e as regras completamente opcionais. Mas, correu tudo bem e lá chegámos ao
hotel.
O Ocean Sun
Diving Resort está localizado no sopé dum dos mais lindos vulcões e organiza
mergulhos e snorkeling ao navio americano USAT. Largámos a mochila no nosso
bungalow, vestimos fatos de banho e lá vamos nós de máscaras em punho ver o
prometido mar.
Chegar à “praia” não
levou mais de 3 minutos a pé, por entre vegetação e embalagens de bolos e de detergentes (algo um pouco
perturbador para nós) e trazia mais surpresas: primeira, não há praia per se, há um amontoado de calhaus pretos
nada amigáveis; e segunda: um mar lindo e calmo e a água mais limpa que alguma
vez vimos. Confesso que fiquei um pouco confusa: o que bem irei fazer quando me
fartar de fazer plouf-plouf na água? Mas enfim. Nem uma, nem duas, vamos para o
hotel pedir barbatanas e botas imprescindíveis e – passado o cheiro a peixe
salgado e a desagradável sensação d’humidade inicial – fabulosas! E lá vamos nós
outra vez, desta vez, decididos a ver o que havia que ver e aproveitar o resto
de luz do dia. Passada a dificuldade de entrar num mar de pedras com
barbatanas, tivemos uma experiência maravilhosa: uma água cristalina e
quentinha, e um fundo marino tão colorido e cheio de peixinhos lindos. O sol se
estava a pôr, regressámos ao hotel encantados e a pensar no dia seguinte que
seria ainda mais lindo. Tomámos o nosso banho, no nosso chuveiro exterior, foi
muito giro porque não nos lembrámos de acender a luz e assim evitámos o ataque
dos mosquitos; e tomámos nota para os próximos duches. O hotel também tem um
restaurante que serve comida local e ocidental e lá foi o nosso primeiro jantar
em Bali, com vista para o vulcão Agung e a planear com o Ricardo (alemão, dono
do hotel, que se mudou para Bali há uns anos quando o stress europeu se tornou
insuportável) as nossas actividades do dia seguinte, estávamos nós, já,
entusiasmadíssimos.
Segundo dia em
Bali.
Acordámos de manhãzinha,
após uma noite bem dormida. Se calhar, a televisão é mesmo muito mais supérflua
que o que pensamos. E vamos tomar um pequeno-almoço fresco e colorido e vamos
nos equipar. O vulcão está lindo de manhã, ainda temos tempo de tirar umas
fotos maravilhosas, o contacto com a natureza, tal como ambicionávamos.
Apresentam-nos ao
Katur, o nossos guia de mergulho/snorkeling para o dia. Eu vou só fazer
snorkeling, ainda não ultrapassei todos os meus medos, mas o Zowjee vai
mergulhar e ele está Feliz, ele sabe o que vai “ver” mas era surpresa até à
nossa chegada à Bali e eu estou a adorar vê-lo assim. Equipados, lá vamos nós
para a primeira actividade do dia: o “coral garden” com as suas estatuetas de
Buddha. Não cheguei a ver as estatuetas da superfície mas o Zowjee ficou
maravilhado com a visão. Partilho aqui um vídeo que não é nosso, mas dá para
perceber do que estou a falar.
Fizemos um
intervalo para o almoço e a seguir, fomos ver o navio. Zowjee mergulhou com o
guia e ficou deslumbrado. Fiquei cá fora, a corrente era muita para eu ir
sozinha, a imaginar o quanto ele devia de estar a adorar. Quando ele sai da água,
ele não teve palavras no início, só disse, vamos agora os dois com máscara, e
eu, claro, estava deserta. Uma das experiências mais lindas da minha vida:
snorkeling de mãos dadas no mar de Bali a ver peixes pequenos e grandalhões,
pretos e coloridos, e a ver o navio afundado, a passar pelas bolhas de ar dos
mergulhadores por baixo de nós. Foi simplesmente mágico. Sem palavras. Até me
distraía a ver e a querer tocar nos peixes e a querer mergulhar. Lindo.
O dia tinha sido
maravilhoso e ainda tínhamos umas duas horas de luz depois do banho tomado, optámos
por alugar uma scooter, aquela que viria a ser a nossa fiel amiga de Bali e ir
passear pelos campos de arroz, à procura dum sítio lindo para jantar e assim
parámos em Amed, uma vilazinha pacata com o perfeito pequeno café onde jantámos um suculento bife de atum
grelhado, jogámos um snooker e conhecemos a Alice (6 anos) e a Adèle (8 anos),
duas meninas do Mundo. De avós paternos portugueses, maternos franceses, e pais,
cidadãos do Mundo, a Adèle nasceu no Vietnam e a irmã na Tunísia, a viver em
Myamar (ou Burma) de momento, mas que em breve iriam para a Escócia, que
falavam 4 línguas e iriam aprender mais, meninas lindas, queridas, e que nem tinham
noção da riqueza e da magia das suas vidas, duas meninas que não vou esquecer.
O dia não podia ter sido mais Lindo.
Terceiro dia em
Bali, visita do país, e do Templo.
Após mais um
pequeno-almoço fabuloso, fazemo-nos à estrada ainda não eram 8 horas, ia ser um
dia longo e estávamos prontos para a aventura.
Tínhamos
preparado o itinerário por forma a ficar em estradas principais, iam ser perto
de 250 quilómetros, de scooter, em estradas do tipo das nossas locais. Já tínhamos
tido a experiência da scooter em Phuket e tínhamos adorado. No início, com
algum receio pois, todos os guias dizem que é muito perigoso devido à condução
mais que original dos locais, mas já diziam isso em Phuket e a nossa experiência
foi fantástica. Também havia a questão deles conduzirem “ao contrário”, do lado
esquerdo da estrada, mas também já não nos preocupava. Claro que podíamos ter
optado por um carro com guia mas a experiência não teria tido o mesmo encanto.
Notamos que pagámos 3.70 Euros por dia para a scooter (5 euros por dia na Tailândia)
e que o único senão é o conforto para
o rabiosque, assim votámos scooter! E não nos arrependemos: temos uma visão do
país completamente diferente dessa forma, podemos parar onde queremos com
facilidade e assim foi, mal vimos a tableta “waterfall”, pusemos pisca e saímos
da estrada principal, entrámos numa estrada de terra batida e pedras e subimos
ainda uns quilometrozinhos até à “entrada”, o que não teria sido possível de
carro. Estacionámos a moto, pagámos a entradazita, salvo erro, 1 euro e meio
cada um, e começámos a caminhar, a subir, atravessámos um riacho e metemo-nos
pelos caminhos sinuosos que nos levariam a uma cascata de mais de 60 metros e de
água morninha. Era complicado tomar banho por causa das rochas que lá havia,
mas ainda apanhámos uma “chuveirada” jeitosa. Foi Lindo, horas de nos pôr a
andar, direcção ao Templo Pura Ulun Danu Bratan. Ainda parámos no caminho para
comer um satay local (pequenas espetadas de frango com molho de amendoim) e dar
umas bananas e umas batatas às dezenas de macacos que estavam à beira da
estrada. Quanto mais subíamos, mais o tempo se refrescava, até tivemos direito
a chuva. Mas isso não nos assusta, já estamos mais ou menos habituados ao clima
tropical, pararia logo e se não fosse a altitude, sentiríamos o mesmo calor.
Quando chegámos ao Templo, percebemos logo que, como dizem os guias, o Templo
parece flutuar no lago. É uma visão serena e mágica. Tirámos fotos e fotos. E
andámos pelos caminhos dos jardins. Ainda presenciámos os festejos da Páscoa. E
sentimos a Magia de Ulun Danu.
No regresso, com
o coração cheio, e o rabinho dorido, parámos numa pequena praia, de areia preta
vulcânica, e de mar maravilhoso para tomarmos um banho, sorrirmos para o pôr de
sol e assistir a um jogo de futebol dos garotos da terra, o guarda-redes vestia
uma camisola da nossa selecção.
Quando chegámos
ao hotel, já era de noite, estávamos exaustos, não só pelo trajecto de scooter
mas pelas emoções que nos invadiam. Tomámos um banho com bichos, um jantar
rapidinho e íamos tentar dormir umas horas, pois o dia seguinte era de partida
e tínhamos combinado com o motorista às 8h30.
Quarto dia, o
regresso.
Parece-me que estávamos
invadidos por tamanha serenidade que tudo se organizava por si só. Acordámos
cedinho. Ainda fomos ver o “nosso” vulcão de mais pertinho. Tomámos aquele
pequeno-almoço habitual. Preparámos a mochila. Fizemos check out e às 8h30 em
ponto, estávamos a sair de Tulamben direcção Kuta para um almoço rápido antes d’ir
apanhar o avião. Kuta a praia turística de que falei no início. A ideia era só
dar uma vista de olhos, comermos qualquer coisa e dirigirmo-nos para o
aeroporto. E assim foi. De facto, muito mais turístico que Tulamben, um trânsito
caótico, e toneladas de casas de souvenirs à beira da estrada, a semelhança do
que vimos nas nossas praias, já longe dos estaminés de fruta e legumes que nos
tinham acompanhado durante as férias. A praia é linda e de areia branca e o
mar, ideal para surfista. E percebi, que a minha escolha tinha sido a mais
acertada, mesmo se nos primeiros instantes tive as minhas dúvidas, Kuta não era
para nós. Um tacsi nos levou para o
aeroporto que também é lindo, muito verde, muito natural e assim acabou a nossa
viagem a Bali, com o sentimento que 4 dias não chegam, mas com o coração e a
alma cheios de tanta Magia.
Notamos que não
experimentámos a piscina do hotel, havia coisas bem mais originais para viver.
Adorámos Bali e
quem sabe, um dia até pode ser que voltemos.
Bali é mágica.
No comments:
Post a Comment