Saturday, April 18, 2015

Casei!

Pois foi! Casei! Já foi há uns meses, um pouco mais de 6 meses até; altura de muitas emoções e muito há para contar, comentar,... Hoje, escolho uma tema um pouco controverso se calhar. Volta e meia, leio um artigo ou um post, oiço um comentário ou converso com alguém, e gosto de esclarecer uma coisa: não perdi coisíssima nenhuma!

Passo a explicar porque parece que nos dias de hoje, em que tanto se luta pela igualdade de direitos homens/mulheres, eu (e outras) ter adoptado o apelido do meu marido é comparado a um crime. Ok! Estou a exagerar um pouco, mas a verdade é essa, fala-se em perda de identidade, submissão, e até falta de inteligência. Uiiiiii 

Primeiro, quem me conhece até sabe que sou ligeiramente feminista, que não sou pessoa de esperar a ajuda de um homem para me "salvar" de alguma situação muito menos esperar que o meu marido me ajude a ganhar uma identidade. Até porque pelo que parece, tenho identidade própria e como que, bem vincada até. (dizem as más línguas). 

Segundo, submeter-me a tal da pressão social é algo completamente  incompatível com a minha personalidade. Claramente. E isso, já diziam de mim pequenita: que não me podiam obrigar a fazer nada que eu não quisesse fazer. Nunca fui seguidora nem submissa à outros nem a modas. Sempre gostei de fazer o meu caminho e ainda hoje,  quando vejo setinhas no metro de Singapura para que os utilizadores sigam como carneirinhos o caminho até às escadas, tenho o impulso de passar para o lado de lá da corrente humana.

Por fim, serei eu demasiado romântica ou inocente por ficar chocada com o facto dum dos motivos apresentados para a não adopção do apelido do marido ser evitar a burocracia necessária na eventualidade do divórcio?! Só me apetece perguntar: será que querem mesmo casar? Mesmo?

Eu sempre soube que iria querer o apelido do meu marido. Para mim, o Casamento representa a união duma família e não queria de forma alguma, ser a mãe (Sra. C.) que iria buscar o filho (Menino A.) à escola. Não fazia sentido para mim. Era completamente inconcebível para mim, ter um apelido diferente dos meus filhos. Eu queria fazer parte duma família unida e reconhecida nesta união. E hoje, esposa e mãe (ainda que recente), estou feliz por o ter feito.

Uns tempos depois do Casamento, uma das minhas amigas, a L., perguntou-me porque o tinha feito, porque tinha adoptado o apelido do meu marido, porque a tinha surpreendido que, independente que eu era (e continuo a ser), não tinha imaginado que fosse algo que eu pudesse querer. Expliquei à minha amiga, que mais importante que a minha independência, era a minha família, e que fossemos unidos. Penso que a deixei a pensar, se calhar até a repensar a decisão dela, uns anos antes, de não adquirir o apelido do marido. Somos todas e todos diferentes e também as nossas decisões de há uns anos poderão ser bem diferentes das que tomaríamos hoje, e não acho que seja um problema ou que esteja mal, avançamos cautelosamente (mas não em demasia) com integridade e com a informação disponível, e esperamos sempre que sejam as melhores decisões. (Um beijinho amiga L.)

O meu marido até ficou surpreendido quando lhe falei na minha intenção e até me pôs à vontade e disse-me que não tinha de o fazer, mas eu expliquei-lhe os meus motivos e no fim até ele pensou em adoptar o meu. Fiquei sensibilizada e até teria gostado; em toda a sinceridade, não imaginava que fosse assim tão simples, mas pronto, este artigo sempre serviu para alguma coisa: esclarecer sobre a lei, e quem sabe um dia, assim o faremos.

Agora, reitero, esta foi a minha escolha. Escolha que assumo, feliz, ainda hoje e espero por muitas décadas.  E a quem acha que perdi a minha identidade respondo: não perdi coisíssima nenhuma! Ganhei uma família!
E lamento se a minha decisão ofende mas lamento ainda mais, que pessoas minhas conhecidas concordem com o conteúdo deste artigo. O que me importa é que sou feliz, e espero que o sejam também. 



Fonte: Jornal Público, edição de 18.11.2014, autor Claudia Bancaleiro

http://lifestyle.publico.pt/artigos/341672_identidade-submissao-ou-amor-o-que-significa-adoptar-o-apelido-do-marido/1


3 comments:

  1. Amiga, li com gosto o teu post sobre a adoção do apelido do marido. É um tema polémico que, também a mim, me chama a atenção. Vejo em todas as tuas palavras, na opinião sobre o tema, muito de ti. És uma mulher independente, "pr'á frentex" e que, quando ama, ama a sério e para sempre, se possível. Concordo com muitas das coisas que referes, mas discordo de muitas outras também. Escrevo então a minha opinião para vermos a mesma "coisa" à luz de perspetivas diferentes ;) Eu sou aquela-que-não-adotou-o-apelido-do-marido!!! E nunca ninguém me fez, na cara, quaisquer comentários em relação à minha opção. Como sabes, eu e o meu mais-que-tudo casámos à força, após 4 anos a viver juntos, para que eu pudesse ser sponsor dele aqui nas arábias, país em que, de forma alguma, conseguiria trazê-lo como marido se não houvesse uma "porcaria" de um papel a dizer isso! Nunca planeámos, ou sequer quisemos, casar, mas é incrível como, até em Portugal, há imensas coisas que nos são mais facilitadas se formos casados... o que me parece ridículo. Não celebramos a data do nosso casamento (o que choca muita gente, sabendo que sou uma romântica!), celebramos, sim, a data em que começámos a namorar, ou seja, em que decidimos que queríamos estar juntos para sempre. Como seria de esperar, depois desta conversa toda, não adotei o apelido do meu maridão. Conhecendo-me como conhece, nem sequer lhe passou pela cabeça que o fizesse. Somos uma família (antes de sermos casados, eu já o chamava de marido). E é aqui que discordo do que dizes. Sei que, na tua opinião, não dizes, de todo, que SÓ se adotarmos o apelido do marido É QUE seremos uma família, mas há algo "disso" implícito nas tuas palavras. Para mim, somos uma família desde que eu disse "Sim, quero namorar contigo!", desde que aceitei os filhos dele de um relacionamento anterior, filhos que não têm o meu nome, mas que vou buscar à escola, se necessário, sem querer saber se o meu último nome é o mesmo que o deles. É aqui que os sistemas legais de um país falham, porque, para eles, família são aqueles que têm todos o mesmo último nome! Mas, no fundo, até compreendo, porque é difícil categorizar, legalmente, uma família como tal pelo grau de amor que os une. Não há um barómetro para isso! (continua no próximo post)

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  2. (Continuação) Sempre disse ao meu maridão que se um dia tivéssemos filhos queria que eles tivessem o meu último nome já que ele já tem dois filhos com o nome dele... Porque não? Porque temos de dar o apelido do pai e não da mãe? (o nosso cão tem o meu último nome!) Porque não dar a um filho o apelido do pai e a outro o da mãe? Para mim faz sentido. A adoção de ambos apelidos pelos dois cônjuges, aquando do casamento, parece-me a opção mais acertada, mas a verdade é que conheço dois casais que o fizeram e neste momento estão divorciados!! Que trabalheira mudar o nome no processo do divórcio! Talvez tivesse realmente sido mais fácil ficar cada um com o seu nome ;) Não vejo no argumento de não-mudo-de-nome-porque-nunca-se-sabe-posso-vir-a-divorciar-me um não acreditar no casamento. Há amores profundos que em fração de segundos se destroem sem nunca pensarmos. Não podemos acreditar no “para sempre” (e olha que sou das pessoas mais românticas que algumas vez existiu!!). Mas, para mim, ser romântico e acreditar no poder do amor é acreditar no viver AGORA o amor o melhor possível, respeitando com quem estamos. Não é acreditar e lutar para que uma relação viva para sempre. Se tivermos de lutar para que algo dure é porque algo já está muito mal.
    E, pronto, é tudo :) Eu sou pelo amor e não pela adoção de nomes. Não será a adoção do nome que nos fará mais fiéis, mais respeitadores, e mais família, mas aquilo que sentes cá dentro. Termino reiterando que, obviamente, respeito, e muito, a tua opinião. Eu não acredito no casamento nem na adoção de nomes, mas não estou aqui para mudar a opinião de ninguém  Respeito-a  Ah, e discordo do que a autora do artigo do Público escreve. Não vejo na adoção do apelido do marido um ato de submissão. A submissão é um conceito bem mais profundo do que uma simples adoção de nome. Beijinhos grandes de saudades.

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    1. Amiga!
      Obrigada!
      Obrigada por me teres lido com carinho e atenção e obrigada por teres partilhado o teu ponto de vista. Adoro escrever o que sou e o que sinto, e faz muito mais sentido quando da partilha resulta uma troca como esta.
      Tu es muito mais que "aquela-que-não-adotou-o-apelido-do-marido" e não, nunca te julguei (que palavra feia!) nem a ti nem a muitas das minhas amigas - ou serão todas elas - que não o fizeram; porque a realidade é uma: o que escrevo não é uma verdade universal, é sim, a minha verdade.
      O meu conceito de família não se limita a este post; o que tentei fazer aqui foi restringi-lo ao tema. Não há post suficientemente grande para A Minha Família. E se calhar ao troncá-lo desta forma, limitei a minha visão, lamento-o e agradeço-te a oportunidade de a completar (sucintamente).
      Fui madrasta (mais uma palavra feia!) de alma e coração, dei tudo o que eu era àquela menina, hoje ela também mãe e que ainda não há muito tempo agradeceu-me ter sido "mais mãe dela do que a própria mãe" e isso apesar dos erros e da falta de jeito que reconheço aos meus 21 aninhos.
      Bem vejo em ti e no teu "maridão" uma família tão preciosa quanto a minha, não tenhas dúvida disso, nunca!
      E sim, concordo contigo: eu e o meu zowjee somos uma família bem antes de termos casado - e voltarei ao tema do casamento mais tarde certamente - ele é, sem a mínima dúvida no meu coração, o meu mais-que-tudo, e há quase dois meses, a nossa família cresceu, fortaleceu com um prolongamento de nós, e aí nasceu uma nova dimensão ao conceito de família.
      E se concordo contigo quando dizes que Amores com A grande também podem acabar em divórcio, reitero a minha opinião que, ter o eventual divórcio em mente quando se está prestes a casar já traz dúvida à relação. Esta é a minha opinião, como também acredito que nenhum relacionamento vive, floresce e sobrevive só com Amor, acredito que sem ele, sem dúvida, não existe relacionamento.
      E acredito no AGORA. E quero acreditar no SEMPRE.
      Também concordo que um nome não da virtudes a quem não as possui: eu continuo a ser EU!
      Só mais um "à parte", ao entrarem na nossa vida, fazendo pedaços dela não só nossos mas vossos também, entraram na nossa família!
      Um beijinho muito grande

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