Ela, muçulmana, vestida com a roupa tradicional dos Emirados Árabes Unidos, nos seus
40 anos, com uma expressão neutra diria quase vazia pintada no rosto. Ele,
um pequenino de 6 anitos arrastado por ela, sua mãe, quase aos trambolhões mas
sem muito preocupação, cambaleia por entre as pessoas, no meio da
multidão. A mãe, na sua preocupação, ou será despreocupação, trá-lo a
embater num estranho na sua descontracção. Sem sequer uma expressão de
contrariedade, ela, pune o menino que a trava na sua caminhada de uma palmada
assim sem jeito, e mesmo sem razão. O menino, que parece nem ter percebido
o motivo de tal punição, corre prás pernas da mãe, a pedir desculpa...
antes a pedir protecção, mas esta mãe não tem tempo, não tem
compaixão, e rejeita o menino que cambaleia dois ou três passos para trás e
durante o que me pareceu um minuto inteiro mas que não deve ter demorado mais
que uns segundos, ele fica, ali, petrificado, atordoado o que se terá
passado? E lança-se contra esta mãe com o punho esticado e
aplica-lhe o castigo por tal rejeição. eu não sei, será
castigo ou chamada de atenção, (ehhhh mãe, explica-me! o que
foi? O que se passou?). nada... e mais um muro, sem força, sem jeito, sem
maldade nem raiva, apenas um beicinho desenhado na boca deste menino ainda tão
pequenino.
O episódio acabou assim para estas duas pessoas que não consigo qualificar de
família, mas aqui estou eu, no meio das bancas de bananas e feijão-verde,
boquiaberta, as lágrimas a rolarem-me pela face abaixo, chocada, e
crio na minha imaginação uma vida que me conforta e assusta também;
quero acreditar, que esta senhora sente-se presa num casamento não
desejado, forçada a acatar com as tradições desta cultura e
deste mundo que a criou e a obrigou a dar a vida à esta criança, esta
criança, uma no meio de muitas mais com certeza; este menino desvalorizado,
rejeitado e brutalizado, retirado de tudo o que idealizo, eu, que sonho num
mundo que não sei se existe.
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